sexta-feira, 22 de maio de 2015

A saída de Guerrero e os ídolos do Corinthians



Há cerca de um ano, o Corinthians vinha tentando renovar o contrato do atacante Paolo Guerrero, que se encerra no próximo 15 de julho. Chegou-se a dizer que o novo contrato estava pronto, mas, na hora H, uma troca de empresário, causou um novo imbróglio, que se encerrou nesta sexta-feira. O Corinthians desistiu da renovação de contrato e liberou o atleta para negociar com outro clube.

Desde a década de 30, o futebol deixou o status de esporte amador e profissionalizou-se. Com isso, o mercado da bola passou a ser definido de acordo com o poderio financeiro de cada clube. O dinheiro determina onde um atleta vai jogar. Guerreiro sairá do Corinthians por esse motivo. O jogador, que era desconhecido do futebol brasileiro até a chegada ao Parque São Jorge, valorizou-se por aqui e hoje pede o que acha que vale. O alvinegro paulista, com as contas quebradas, ofereceu menos. Sem acordo.

Guerreiro chegou ao Corinthians no meio de 2012, após a conquista da Taça Libertadores da América. Foi o cara da conquista do bi-campeonato Mundial da Fifa ao marcar dois gols no torneio: um contra o Al-Nasr e outro, na final, contra o Chelsea. Ganhou notoriedade no cenário brasileiro e respeito e admiração do torcedor corinthiano. Conquistou o status de ídolo do clube. Como ele, alguns outros escreveram seu nome na história do Corinthians. 

Se pensarmos em um tempo recente, algo como 20 anos, mais ou menos - tempo que este blogueiro acompanha o esporte bretão com maior regularidade -, podemos elencar 5 nomes, ao menos, dignos de figurar no rol de ídolos corinthianos. Marcelinho Carioca, Edilson Capetinha, Tevez, Ronaldo Fenômeno e Paolo Guerrero. Ainda, há quem lembre de Emerson Sheik, fundamental na conquista da Libertadores 2012; Gamarra, Vampeta e Rincon; destaques no fim da década de 90, mas ficaremos com a primeira parte. Qual a semelhança entre esses nomes? Saídas conturbadas.

Lembro-me de um jogo, às vésperas do meu aniversário de seis anos, no qual um jogador chutou uma bola da intermediária e acertou o gol do Palmeiras. Saiu correndo, girando seus braços como se fosse hélices. Na semana seguinte ganhei minha primeira camisa oficial do Corinthians. Estampada nas costas estava o número 7. Número de Marcelinho Carioca. Esse é, para mim, o melhor que vi jogar com a camisa do Timão. Grande parte da torcida mais jovem também o considera assim. No entanto, mesmo após a conquista de títulos do Paulista, Brasileiro, Copa do Brasil e Mundial Interclubes da Fifa, foi preterido pela diretoria após briga com Ricardinho e saiu brigado com o clube.

Outro que viu turbulências em sua saída foi Edilson. O Capetinha era símbolo da raça corinthiana. Infernizava a vida dos zagueiros adversários e tirava onda. Levantou taças e conquistou a Fiel. Mesmo assim, foi a própria torcida que provocou sua saída após a eliminação na Libertadores de 2000. Eliminações na Libertadores, aliás, são sempre motivo de crise entre clube e ídolos. Tevez assistiu à semelhante história de Edilson, em 2006. Ronaldo Fenômeno também, em 2011.

Mesmo com as crises, nenhum deles perdeu o prestígio pela história construída e continuam sendo tratados como ídolos. Não é porque o Guerrero sai agora, apesar das críticas à sua pedida financeira, que o fez será apagado. Por outro lado, o caminho do time segue. O Corinthians continuará disputando e conquistando campeonatos. Ao Guerrero, boa sorte em sua carreira. O corinthiano é grato ao seu trabalho, mas o clube não pode se tornar refém de um atleta. Novos ídolos surgirão e, assim como os outros, escreverão seu nome na história do Sport Club Corinthians Paulista. De todo modo, o que foi feito, sempre será lembrado.

VAI CORINTHIANS!

quinta-feira, 14 de maio de 2015

Corinthians e São Paulo derrapam na Libertadores. Galo também está fora.

Em uma quarta-feira que começou com a desclassificação do Real Madri, atual campeão do mundo, na Champions League para a Juventus de Turim, os dois times paulistas dão adeus à Libertadores 2015. Junta-se aos desclassificados o Atlético Mineiro. Inter e Cruzeiro seguem às quartas-de-final.

Corinthians perde em casa para Guarani do Paraguai e dá adeus à Libertadores 2015
após 32 jogos de invencibilidade em Itaquera. 
O Corinthians, que havia perdido a primeira partida por 2 a 0, no Estádio Defensores del Chaco, recebeu um Guarani disposto a não jogar bola. Pressionou o time paraguaio durante todo o primeiro tempo e criou boas chances com Jadson e Guerreiro. Pressionou mas nenhuma efetividade. Pouco para um time que precisava de três gols de diferença.

Na volta ao segundo tempo, com Danilo e Mendoza nos lugares do zagueiro Felipe e do atacante Malcon, o time se preparava pra jogar tudo em busca de, pelo menos, dois gols para levar o jogo aos pênaltis. Preparava-se pois, ainda no começo, Fábio Santos e Jadson foram expulsos por entradas absurdas nos visitantes. Com dois a menos o alvinegro recuou, esfriando o jogo.

Enquanto a partida se dirigia ao fim, com um Corinthians entregue ao insucesso e preparando o discurso para a desclassificação, o Guarani dava a cara ao jogo. Em um contra-ataque, no qual os donos da casa param de correr para pedir impedimento, aos 46 do 2º tempo, gol de Fernando Fernandéz, que acabara de entrar! Fim de papo. Corinthians eliminado após duas derrotas para o desconhecido Guarani do Paraguai.

No Mineirão

Diferentemente do Corinthians, que não foi feliz em sua casa, o Cruzeiro, que perdera o primeiro jogo no Morumbi por 1 a 0 para o São Paulo, fez a lição de casa. Com o time paulista apostando no contra-ataque, os donos da casa adiantaram seu time; mas pecaram na pontaria.

O segundo tempo começou com a mesma cara do primeiro. Depois muitos erros de mira, o Cruzeiro chegou ao gol com Leandro Damião. Após cruzamento de Mayke, Damião quase deixou a bola passar, mas conseguiu mandar pra rede. 1 a 0 para os mineiros. A fim de evitar a decisão por pênaltis, Milton Cruz colocou Luis Fabiano e Centurión no lugar de Pato e Wesley. O jogo esquentou mas não saiu disso. Pênaltis.

Com chutes desperdiçados por Luís Fabiano e Souza, pelo São Paulo, e Leandro Damião e Manoel, do lado do Cruzeiro, a disputa foi para as cobranças alternadas. O zagueiro sãopaulino Lucão bateu no meio e Fábio defendeu. Gabriel Xavier fez o seu. Cruzeiro classificado.

Enquanto isso, em Porto Alegre

Quem não tinha nada com os paulistas era o Internacional, que enfrentava pela segunda vez o Atlético Mineiro, precisando apenas não tomar gols, após o empate no Independência por 2 a 2, no jogo de ida. Com o apoio de um Beira-Rio lotado, o time gaúcho não deixou a vantagem inicial influenciá-lo e foi pra cima. E o Galo também.

Uma partida aberta, com as duas equipes buscando o gol, como deveria ser em todas. Tanto foi que o colorado encontrou dois golaços, ainda no 1º tempo, com o jovem Valdívia e o experiente D'Alessandro. No segunda etapa, foi a vez de Lucas Pratto diminuir para o Atlético. Enquanto o time mineiro buscava o segundo gol e tentava levar a decisão para a marca da cal, Lizandro Lopez fez o terceiro para os gaúchos. Fatura liquidada. Inter também vai às quartas-de-final da Libertadores 2015.

quarta-feira, 13 de maio de 2015

Brasileiros decidem hoje o destino na Libertadores 2015

Noite de decisão para Corinthians, São Paulo, Cruzeiro, Atlético MG e Inter na Libertadores da América  
Três jogos vão roubar a atenção de boa parte do país nesta quarta-feira. Será uma noite de ânimos a flor da pele para corinthianos, sãopaulinos, cruzeirenses, atleticanos e colorados. Seus clubes decidem hoje o futuro na Taça Libertadores da América de 2015. Entre os cinco, apenas o alvinegro paulista enfrenta uma equipe estrangeira. É também o time que tem situação mais delicada na competição. Após uma breve análise das partidas, alguns prognósticos podem ser feitos para a rodada desta noite.

Às 19h45, no Mineirão, o Cruzeiro recebe a equipe do São Paulo precisando da vitória. Após a derrota por 1 a 0 no Morumbi, em que o time da casa largou artilharia pesada para cima do goleiro Fábio, a equipe mineira promete ir pra cima. De olho no resultado, o Cruzeiro entra em campo para vencer e, com casa cheia e apoio de seu torcedor, deve levar a partida, mesmo com o tricolor embalado por três vitórias consecutivas. O São Paulo deve apostar no contra-ataque e joga por uma bola para seguir, por isso, abre espaço para os mineiros jogarem. 2 a 1 para os mineiros e classificação sãopaulina, pelo gol fora de casa, no critério de desempate. 

Já em Porto Alegre, às 22 horas, o Internacional deve conseguir a classificação com um empate por 1 a 1 com o galo mineiro. Mesmo após um jogo com muitas oportunidades em Minas Gerais, terminado em 2 a 2, a partida de hoje à noite, no Beira Rio, promete dois times estudando o adversário e um Inter disposto a não tomar gols. Do lado do Atlético, apesar de um poderoso ataque, liderado pelo argentino Lucas Pratto, vê em sua defesa uma sequência de vacilos que custam-lhe a vitória, como no último jogo contra o Palmeiras pelo Brasileirão. Uma ótima oportunidade para Alex, Valdívia, D'Alessandro e cia.

Também às 22 horas, na Arena Corinthians, o alvinegro recebe o paraguaio Guarani precisando de uma vitória por três gols de diferença para seguir na Libertadores. Depois de uma partida em Assunção, capital do Paraguai, na qual o time vacilou e saiu vencido por 2 a 0, Tite promete uma equipe ofensiva, abusando do poder de armação de Elias, Jadson e Renato Augusto, junto a Malcon e Guerrero no ataque. O Guarani só precisa se preocupar em não levar gols e deve jogar fechado. Com o apoio da torcida e um gramado que faz a bola rolar mais rápido que o Defensores Del Chaco, a equipe corinthiana, que não perde há 32 jogos em Itaquera, tem tudo para reverter o placar e aplicar 4 a 0 sobre o plantel paraguaio.

E você, tem seu palpite???

terça-feira, 12 de maio de 2015

Eduardo Cunha e PMDB apresentam colcha de retalhos em formato de Reforma Política

Eduardo Cunha (PMDB-RJ) é principal articulador do projeto de
Reforma Política e ameaçou correligionário, caso não incluísse suas propostas

Enquanto boa parte dos brasileiros acompanhavam a classificação do Barcelona à final da Champions League, o deputado federal Marcelo Castro (PMDB-PI) apresentava à Câmara a proposta de reforma política elaborada a mando do presidente da Casa, Eduardo Cunha (PMDB-RJ), e seu partido como resposta aos protestos de rua. 

Entre os principais pontos do relatório estão a mudança no sistema de eleição para deputados e vereadores, chamado "Distritão", o fim da reeleição para cargos do Executivo, a unificação das eleições municipais, estaduais e federal, e a clausula de barreira, que dificulta o funcionamento de partidos "nanicos", além de alterações no programa de financiamento de campanha, mantendo a possibilidade de doações de empresas.

Com propósito de agradar a população e os recentes protestos, o projeto apresenta controversas em sua concepção, apontando mais uma vez que o pensamento dos congressistas segue dissonante com os anseios da sociedade. A princípio, o projeto que prevê o fim das eleições proporcionais para cargos legislativos - quando o número de cadeiras é dividido pelo número de votos que cada partido ou coligação teve - ao substituí-la pelo voto majoritário direto - quando elegem-se aqueles que obtiveram maior número de votos em um distrito. 

Inspirado nos modelos das democracias inglesa e norte-americana, a proposta carrega em si uma diferença essencial, e aqui é preciso explicar. Em vez de se dividir um Colégio Eleitoral em distritos menores, conforme o número de cadeiras disponíveis, e cada distrito eleger seu deputado - algo que aproximaria o eleito à sua comunidade -, na proposta do PMDB, todos os candidatos disputam todas as vagas, formando o "Distritão". No mundo, apenas a Jordânia e o Afeganistão utilizam esse modelo. Até o relator do projeto, o piauiense Marcelo Castro, já se declarou contra o modelo, mas cedeu à pressão de Eduardo Cunha, que ameaçou tirá-lo da relatoria caso a ideia não seguisse conforme seu desejo.

Como se essa metodologia confusa não fosse suficiente, o projeto ainda mantém o financiamento empresarial de campanha, apontado como uma das principais causas de corrupção pública no país. A proposta apenas indica que as doações de empresas devem ser feitas aos partidos, e não mais aos candidatos. Ocorre que, de uma forma ou de outra, esse dinheiro é utilizado para eleger um ou outro, que depois será o responsável por recompensar os doadores.

Para sacramentar a balburdia apresentada por projeto, foram capaz de bagunçarem na única proposta que se aproxima ao discursos dos protestos, que versa sobre o fim da reeleição. A ideia, bastante parecida com a de Marina Silva, inclusive, prevê mandatos de cinco anos para os cargos do Executivo, a partir de 2018, sem a possibilidade de ser reconduzido ao cargo na eleição subsequente. Até então, a proposta vai ao encontro dos anseios apresentados nos recentes protestos.

Mas, como tudo aqui tem que ter as trapalhadas de Cunha, no mesmo item, propõe-se que todas as eleições, para municípios, estados e União, sejam feitas simultaneamente. Com isso, os prefeitos eleitos nas próximas eleições, em 2016, teriam apenas dois anos de mandato.  Outro problema acarretado pela unificação é a relativização dos cargos postulados e a concentração do debate aos cargos majoritários. É sabido que a população pouco leva a sério a eleição para o Legislativo. Poucos se lembram qual foi seu último voto a deputado ou vereador. Inflar o numero de cargos a serem escolhidos por pleito levará a ainda mais displicência no momento de decisão.

É preciso lembrar que esse projeto de reforma é autoria exclusiva do Congresso, com influência maciça de Eduardo Cunha e Michel Temer, como exaltou ontem o relator Marcelo Castro, no programa Roda Viva da TV Cultura. A julgar por essas ações, e a força que os peemedebistas tem na Câmara, está evidente que os deputados ainda não aprenderam a captar a voz das ruas. Ou não querem.

'Brazilian Storm' dá show e seis brasileiros avançam na abertura da etapa brasileira do Mundial de Surf

Atual líder do ranking mundial, Mineirinho venceu a bateria e garantiu
vaga na terceira fase do Oi Rio Pro - Foto: Kelly Cestari/WSL

A chamada "Brazílian Storm" (tempestade brasileira) mostrou que não está afim de fazer feio em casa. Na primeira fase do Oi Rio Pro, etapa brasileira do circuito mundial de surf de elite, realizada hoje, 12 de maio, na Barra da Tijuca, no Rio de Janeiro, seis brasileiros garantiram vaga no terceiro round da competição. Wiggolly Dantas, Gabriel Medina, Ítalo Ferreira, Adriano de Souza (Mineirinho), Jadson André e Filipe Toledo terminaram com a primeira colocação em suas baterias e aguardam a definição de seus oponentes na repescagem, que acontece na segunda fase.

O primeiro brazuca a entrar na água foi Wiggolly Dantas, na 3º bateria. Com as notas 7.47 e 8.50, totalizando 15, 97, o surfista desbancou o havaiano John John Florence (10.66) e o norte-americano C.J. Hobgood (9.94). Em seguida, foi a vez do atual campeão mundial de surf, Gabriel Medina, derrotar o havaiano Freddy Patacchia Jr (7.77) e o também brasileiro Alejo Muniz (4.90). Com um 12.33 (5.33+7.00) Medina levou a bateria.
Torcida brasileira dá apoio ao campeão mundial, Gabriel Medina
na praia da Barra da Tijuca, no Rio de Janeiro - Foto: Kelly Cestari/WSL

As duas disputas seguintes também foram dominadas pelo "Brazilian Storm". Na quinta bateria, o tri-campeão mundial, australiano Mick Fanning (9.33), e o brasileiro Alex Ribeiro(2.47), que participa pela primeira vez de uma etapa da elite, foram derrotados por Ítalo Ferreira. O surfista precisou de um 14.07 (7.00+7.07) para seguir à terceira fase, que também tem garantida a presença do atual líder do ranking de 2015. Adriano de Souza, o Mineirinho, que venceu a última etapa do circuito mundial em Margaret River, na Austrália, conseguiu uma das melhores notas por onda na primeira fase. Um 9.73, que somado ao 8.17, totalizou 17,90, mais do que suficiente para deixá-lo na primeira posição da sexta bateria contra o australiano Kay Otton (11.60) e o brasileiro David do Carmo (5.67).

O quinto brasileiro a passar pra terceira fase foi Jadson Andre. Na sétima bateria, o surfista desbancou o australiano Josh Kerr (11.97) e o havaiano Dusty Payne (10.03) ao somar 14.04 pontos com as notas 6.27 e 7.77. Outro brasileiro com uma excelente nota foi Filipe Toledo. Somou seu 6.57 ao 9.70 da segunda onda e garantiu a primeira posição da décima bateria com 16.27. Seus adversários, o norte-americano Kolohe Andino e o australiano Adam Melling somaram 11.90 e 8.40, respectivamente.

11 vezes campeão, Kelly Slater pega um tubo na primeira
fase do Oi Rio Pro 2015 - Foto: Daniel Smorigo/WSL
Quem também se destacou na primeira fase do Oi Rio Pro foi o surfista norte-americano Kelly Slater. Detentor de 11 títulos mundiais, Slater somou 19.27 pontos com as notas 9.50 e 9.77 em duas ondas excelentes. Além dos seis brasileiros e do undecacampeão, garantiram-se na terceira fase da etapa brasileira do mundial de surf o francês Jeremy Flores (12.17), o havaiano Sebastian Ziets (12.06) e os australianos Debe Durbidge (14.84), Matt Banting (9.76) e Matt Wilkinson (14.96).

O Oi Rio Pro segue até dia 22 de maio. Os surfistas que não conseguiram a classificação na primeira fase disputam a repescagem na fase seguinte em baterias com dois surfistas cada.

sábado, 9 de maio de 2015

Um fato - várias formas de dar a notícia

Imagine um jantar com políticos e grandes empresários do país. Uma cena mais comum do que se pode imaginar. Reuniões desse tipo acontecem muito antes da Proclamação da República. Não há nada de ilegal nisso. Contudo, dependendo dos personagens envolvidos, a maneira de dar a notícia muda. Veja a imagem abaixo.

Alerta: essa manchete é falsa. Uma sátira de como o jornalismo brasileiro se porta conforme o personagem.


A colunista Mônica Bergamo, da Folha de São Paulo, publicou na última sexta-feira, a reunião promovida pelo atual governador de São Paulo, Geraldo Alckmin, com políticos e empresários a fim de promover sua campanha à Presidência da República em 2018. A manchete "Pré-candidato, Alckmin reúne PIB em jantar no Palácio dos Bandeirantes" indica o prestígio do político ao reunir alguns executivos das maiores empresas do Brasil, responsáveis por grande parte da produção nacional.

Nota-se na matéria que entre os empresários estão Marcelo Odebrecht e Jorge Gerdau. O primeiro é executivo da empreiteira Odebrecht, denunciada pelo Ministério Público Federal na Operação Lava-Jato, escândalo de corrupção envolvendo esquemas de propina para contratos com a Petrobras. O segundo responde pela empresa de aço Gerdau, investigada na Operação Zelotes, da Polícia Federal, que apura esquemas de fraudes fiscais milionárias. No texto, não há nenhuma referência a isso.

A bem da verdade, como já disse no início deste artigo, reunião de políticos com empresários é algo bastante comum. Não há nenhum crime nisso. A questão a ser observada é quanto ao tratamento que a grande mídia dá a um ou outro personagem. Façamos um exercício de suposição, no qual, em vez de Alckmin, o promotor do jantar fosse o ex-presidente da República, Lula, também pré-candidato, à sucessão de Dilma em 2018. Como será que seria a manchete da notícia de um jantar entre Lula e os mesmos empresários, com fins de promover sua candidatura para as próximas eleições nacionais?

Apesar de tudo, minha mãe acha que a Globo defende o PT

Um outro exemplo segue em uma conversa despretensiosa entre este blogueiro e sua mãe. Assistindo ao SPTV 2ª edição, noticiário local da TV Globo, vemos uma reportagem sobre o descarte ilegal de lixo na cidade de São Caetano do Sul, na Grande SP. Um fato relevante que certamente deve ser noticiado. Mas algumas coisas foram possíveis de serem observadas. Durante os quase cinco minutos de vídeo, o repórter indica que a prefeitura respondeu; que a prefeitura já retirou o lixo do local; entre outras ações da prefeitura.
Em nenhum momento foi citado o nome ou partido do prefeito.

Ao fim da reportagem, perguntei para minha mãe sobre qual partido ela achava que o prefeito de São Caetano do Sul pertencia. Sua resposta foi taxativa: PT. Perguntei então se ela havia ouvido o nome do prefeito e seu partido durante a reportagem. Respondeu-me com a negativa já esperada. Por fim, questionei-na o por quê ela acreditava que o chefe do Executivo daquela cidade era do PT. Disse-me que a Globo defendia o PT e que por isso omitira a legenda. Falei então que, apesar de eu não saber a qual partido o prefeito pertencia, tinha certeza que ou era PSDB ou PMDB e que se fosse do PT, o nome do partido teria aparecido, pelo menos, três vezes na reportagem. Ela, com desdem, duvidou. Após uma pesquisa na internet, a confirmação: Paulo Pinheiro é do Partido do Movimento Democrático Brasileiro (PMDB).

Uso esse exemplo para mostrar como a forma de dar a notícia influi na concepção do público leigo, que não vivencia o jornalismo ou a política. O repórter noticiou o fato de haver descarte de lixo em local indevido. Não havia ali nenhuma mentira. No entanto, a maneira como uma notícia foi tratada, reflete em como a sociedade enxerga sua volta. Alguns dias depois de nossa conversa, minha mãe voltou ao assunto, dizendo que, em uma outra reportagem, percebeu o que eu havia dito. Ao tratar de um problema em um hospital da cidade de Osasco, administrada pelo PT, o nome da legenda apareceu na notícia mais de uma vez, segundo ela. Essa percepção só foi possível após um diálogo que nem todos tem em suas casas, no trabalho ou no botequim. Assim, a mídia versa com a sociedade à maneira que mais lhe convém.

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Ps. Repito mais uma vez, para que não pareça que a ideia aqui é defender o PT: reunião entre empresários e políticos, como Alckmin o fez, é um evento extremamente comum. Não há crime ou contravenção nisso. O aspecto a ser observado nesse post é quanto à condução da imprensa ao tratar de um ou outro personagem.