Hoje, por volta das três da tarde, escutei uma freada, seguida de batida, vindo da rua. Fui até a janela do meu quarto e, após uma nova freada, vi dois guardas municipais desceram da viatura e efetuaram uma série de disparos de arma de fogo. Não consegui contar, mas acho que foram cerca de 15. Isso em frente à minha casa. Após o fim dos disparos, dirigi-me até a garagem e, de lá, acompanhei a sequência dos fatos.
Em menos de dois minutos, mais três viaturas da Guarda Civil Municipal de Cotia já haviam chegado ao local. Os guardas se embrenharam no matagal em busca dos suspeitos enquanto mais viaturas aglomeravam a rua onde moro. Após algumas indas e vindas dos guardas, chegadas e saídas de viaturas, escutei o agente responsável pelo início da perseguição dizer que os suspeitos (ele não usou esse termo) haviam tentado assaltar o açougue, apontando para a direção do novo comercio do bairro, localizado a menos de 200 metros do acidente. Disse ainda que, na esperança de conseguir despistar os GCMs, rodaram pelos quarteirões próximos até entrar na minha rua, se perderem na curva e bater.
Cerca de 40 minutos após o começo dos acontecimentos, os rádios das viaturas anunciavam que, naquele momento, estava ocorrendo um assalto à loja Casas Bahia. Três, das 8 viaturas que se encontravam no local da primeira ocorrência, dirigiram-se ao centro de Cotia. Vi, ainda, mais duas descendo a Rua Jorge Caixe em disparada, provavelmente para atender ao novo chamado.
Mesmo com uma distância de 40 minutos entre uma ocorrência e outra, o site Cotia & Cia estampou o título de sua matéria como se os dois fatos fossem um só. Baseados em informações vindas por meio de um grupo no aplicativo Whatsapp, não só cometeram uma barriga, como, também, alimentam a crença de que jornalismo pode ser feito de dentro do escritório.
É cada vez mais comum essa realidade dentro das redações. Notícias baseadas apenas em releases, notas oficiais ou emails. Não se busca mais a entrevista. Não há interesse por estar no local dos fatos. É mais fácil acreditar na primeira versão. Apurar uma informação dá muito trabalho. Melhor mesmo é publicar; publicar; publicar...
Não conheço os editores do site Cotia & Cia, no entanto, pergunto-me onde estão os fundamentos do jornalismo, aprendido e destrinchado durante os quatro anos da faculdade. Quando escolhi cursar jornalismo, eu queria mudar o mundo. Hoje entendo que esse não é mais meu objetivo. Meu propósito, neste momento, é apenas fazer um jornalismo bem feito; fazer, da melhor maneira, aquilo que escolhi como profissão.
Abaixo, a integra da publicação do site Cotia & Cia:
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