terça-feira, 8 de julho de 2014

#poesias - 01

O dia passa e não vemos
Contra o relógio, tudo fazemos
Não há tempo para o que queremos
Na rotina da vida, prazeres perdemos

Privamo-nos de aventuras
Por parecer pessoas maduras
Presos nessa amargura
Sair da rotina parece loucura

Cantamos e dançamos contentes
Ora, esse é o nosso presente
Quem pode vivê-lo, se não a gente?
Às vezes sábio, mas também inconsequente

(ANDRIUS)


segunda-feira, 7 de julho de 2014

9 de Julho - O feriado do orgulho paulista

Ficheiro:Cartaz Revolucionário.jpg


Na próxima quarta-feira, 9 de julho, será comemorado mais um feriado no estado de São Paulo. Como já é praxe, os mais variados telejornais, jornais impressos e sites de notícias publicarão ao menos uma reportagem em que o repórter sai às ruas em busca de populares e realiza a famigerada pergunta: "Você sabe o motivo desse feriado?"

Em meio à Copa do Mundo, pode-se pensar que a folga deve-se à realização do jogo Holanda x Argentina, que acontecerá no estádio Arena Corinthians, pelas semi-finais do mundial. Além disso, na Argentina também será feriado. Logo, essa teoria se confirma, certo? Não. A data é lembrada no país vizinho em função da conquista de sua independência, proclamada em 9 de julho de 1816.

Aqui, no estado de São Paulo, o dia de descanso exite por outro motivo: a Revolução Constitucionalista de 1932. Ora, mas que cazzo é essa tal Revolução? Em suma, é uma Guerra que os paulistas travaram contra o Governo Provisório (ditadura) de Getúlio Vargas onde o povo da Terra do Café levou um coro das tropas federais. Isso. Os paulistas perderam a guerra e se renderam em outubro de 32 - "Ai, caramba. Por que, então, comemorar uma guerra perdida, velho?", perguntarão os mais incrédulos.

Acontece, pobre gafanhoto, que o paulista (e, ai, inclui-se este que vos escreve) é um ser arrogante, orgulhoso e prepotente. O paulista não sabe levar na esportiva. Principalmente naquela época. Desse modo, acredita que, mesmo perdendo feio, conseguiu alcançar o objetivo de sua revolução dois anos depois, em 1934, quando, enfim, foi promulgada uma nova Constituição Federal.

Bem, esse era o motivo da Revolução: uma chamada para tirar Getúlio do poder e convocar uma nova Constituinte. Como ela aconteceu (a nova Constituinte. Getúlio continuou no poder), por que não creditá-la a nós; à luta dos paulistas? Foi o que o ex-governador Mario Covas resolveu fazer. No ano de 1997, decretou o feriado de 9 de julho, Dia da Revolução Constitucionalista. Dia que os paulistas levantaram-se em armas contra o governo ditatorial de Getúlio Vargas.

Legal; bonito; bacana. Essa é, na verdade, a última luta civil armada deflagrada no Brasil (sem considerar a luta contra a Ditadura Militar dos anos 60/70, já que esta era clandestina). Não podemos nos esquecer, no entanto, que durante o levante, muitos morreram e, de fato, não houve conquista paulista.

sexta-feira, 4 de julho de 2014

As consequências do jornalismo de escritório


Hoje, por volta das três da tarde, escutei uma freada, seguida de batida, vindo da rua. Fui até a janela do meu quarto e, após uma nova freada, vi dois guardas municipais desceram da viatura e efetuaram uma série de disparos de arma de fogo. Não consegui contar, mas acho que foram cerca de 15. Isso em frente à minha casa. Após o fim dos disparos, dirigi-me até a garagem e, de lá, acompanhei a sequência dos fatos.

Em menos de dois minutos, mais três viaturas da Guarda Civil Municipal de Cotia já haviam chegado ao local. Os guardas se embrenharam no matagal em busca dos suspeitos enquanto mais viaturas aglomeravam a rua onde moro. Após algumas indas e vindas dos guardas, chegadas e saídas de viaturas, escutei o agente responsável pelo início da perseguição dizer que os suspeitos (ele não usou esse termo) haviam tentado assaltar o açougue, apontando para a direção do novo comercio do bairro, localizado a menos de 200 metros do acidente. Disse ainda que, na esperança de conseguir despistar os GCMs, rodaram pelos quarteirões próximos até entrar na minha rua, se perderem na curva e bater.

Cerca de 40 minutos após o começo dos acontecimentos, os rádios das viaturas anunciavam que, naquele momento, estava ocorrendo um assalto à loja Casas Bahia. Três, das 8 viaturas que se encontravam no local da primeira ocorrência, dirigiram-se ao centro de Cotia. Vi, ainda, mais duas descendo a Rua Jorge Caixe em disparada, provavelmente para atender ao novo chamado.

Mesmo com uma distância de 40 minutos entre uma ocorrência e outra, o site Cotia & Cia estampou o título de sua matéria como se os dois fatos fossem um só. Baseados em informações vindas por meio de um grupo no aplicativo Whatsapp, não só cometeram uma barriga, como, também, alimentam a crença de que jornalismo pode ser feito de dentro do escritório.

É cada vez mais comum essa realidade dentro das redações. Notícias baseadas apenas em releases, notas oficiais ou emails. Não se busca mais a entrevista. Não há interesse por estar no local dos fatos. É mais fácil acreditar na primeira versão. Apurar uma informação dá muito trabalho. Melhor mesmo é publicar; publicar; publicar...

Não conheço os editores do site Cotia & Cia, no entanto, pergunto-me onde estão os fundamentos do jornalismo, aprendido e destrinchado durante os quatro anos da faculdade. Quando escolhi cursar jornalismo, eu queria mudar o mundo. Hoje entendo que esse não é mais meu objetivo. Meu propósito, neste momento, é apenas fazer um jornalismo bem feito; fazer, da melhor maneira, aquilo que escolhi como profissão.

Abaixo, a integra da publicação do site Cotia & Cia:




Bandidos roubam loja “Casas Bahia” em Cotia e batem carro em fuga


Roubo casas bahiaUm assalto aconteceu na tarde desta quinta feira (3), na loja Casas Bahia no centro de Cotia, Guardas municipais foram avisados do ocorrido e se depararam um veiculo Renault Sandero em atitude suspeita e com 3 pessoas em seu interior.
Ao tentarem abordar os indivíduos, foram recebidos por disparo de arma de fogo e empreenderam fuga  pela área central passando pela Prefeitura e Fórum logo a frente entraram pela Rua Benedito Isaac Pires onde na altura do número 96 perderam a direção do veiculo batendo em uma obra ficando suspenso sobre a rampa de acesso.
Os três ocupantes que estavam no interior desceram e fugiram em um matagal próximo, porém um dos indivíduos a Guarda conseguiu prender.
Primeiras informações dão conta que os bandidos levaram a arma do vigilante da loja e de que não houve feridos no assalto. A Ocorrência está em andamento e aguardamos maiores informações.
Informações: www.gcmcotiags.blogspot.com.br | Fotos: Whatsapp grupos GCC Cotia e Alerta Guarda Civil |Por: Souza Lima

quarta-feira, 2 de julho de 2014

SP: A cidade do Contra



São Paulo é, realmente, a cidade do Contrário. Enquanto, pelo mundo, é comum torcedores vararem a noite comemorando títulos de seus clubes, por mais inexpressivos que sejam, aqui é proibido tomar para si o uso do espaço público.

Primeiro foi a Avenida Paulista, tradicional palco de comemoração das torcidas paulistas. Depois de 2005, tornou-se proibido dirigir-se até lá para festejar entre comuns. Faz-se mais Arenas Anhembi, baladas fechadas e cercadinhos, onde possa ser possível manter os festeiros longe do povo, ou, o povo, longe de quem tem poder de festejar nesses ambientes fechados.

A ação policial deflagrada ontem, na Vila Madalena, apenas corrobora o despreparo das autoridades (para não dizer apenas da polícia) para lidar com pessoas. Nesse caso, estrangeiros. "Bem que o governo americano nos alertou sobre a violência da PM. O povo brasileiro é muito gentil, mas porque tratar a gente dessa forma. Só estamos festejando a Copa", foi o que disse um norte-americano à reportagem da Folha de SP.

Foi o Governo que trouxe a Copa, e seus turistas, para o Brasil. O nosso Governador, assim como o Prefeito de SP, moveu barcas para garantir a festa do futebol aqui na "paulistânia desvairada". Primeiramente, no distante Morumbi, posteriormente, na longínquo Itaquera. O lugar onde a bola ia rolar não importava. O importante mesmo era saber que a cidade receberia N mil turistas do mundo todo. Mas, para quê?

No mundo, assim como no Brasil, o gosto pelo futebol é universal. Foi-se o tempo em que o futebol era esporte para determinada cor e classe social (mesmo que, para frequentar o estádio, essa segregação esteja voltando). Usa-se o futebol na favela, no condomínio, no vídeo-game e no campo de barro. Consome-se futebol no boteco e no restaurante.

A "festa do futebol", que é a Copa do Mundo, é a maior garantia de que pode-se festejar com gente do mundo todo em função de um gosto comum. Vai além do estádio. Seria negligência pensar que pessoas do mundo todo viriam para cá para conhecer apenas o MASP, o Fasano e o A Figueira Rubayat. Em uma festa, o que se espera é conhecer pessoas.

O que está havendo na Vila Madalena não é culpa dos estrangeiros. Quem vem de fora, chega buscando opções de lazer na cidade. Se lá foi o lugar em que encontraram pessoas mais interessantes, uma festa mais animada ou liberdade para se divertir, a Administração Pública deveria acolhe-los nessa realidade e garantir a segurança para todos os que estão presentes, paulistanos ou turistas.

Agir com agressão à manifestação de alegria, mobilizada em forma de festa, em função de um denominador comum chamado futebol é, não só lamentável, como um desserviço que a cidade está praticando para a gentileza e cordialidade que a população vem tendo com os visitantes. Parece-me que, por falta de argumentos e inflexibilidade, tudo em São Paulo se resolve com tiro, bomba de gás e bala de borracha; sob a regência de nossa Polícia Militar.