quinta-feira, 30 de abril de 2015

População de Cotia vive noite de terror em véspera de feriado

Ônibus incendiado em ataques do PCC, em 2006. Nove anos depois, população de Cotia é aterrorizada 

Desde as 9 horas da noite de hoje, 30 de abril, o serviço de transporte público de Cotia está suspenso. O motivo é um toque de recolher emanado por supostos integrantes da facção criminosa Primeiro Comando da Capital (PCC), divulgado e compartilhado via Whatsapp e redes sociais pela cidade e região.

Além dos ônibus, a população também se recolheu às suas residências, alardeada pela promessa de "Rodo Geral" realizada pelos autores das mensagens em retaliação à morte de uma mulher, supostamente ligada a facção.

Nos grupos da cidade no Facebook, a revolta da população para a situação de terror promovida pelo toque de recolher recai sobre o prefeito  do município, Carlão Camargo, do PSDB, sob acusação de leniência para com o crime organizado. Acusam-no de estar na segurança de seu condomínio assistindo ao pavor dos cidadãos, abandonados à própria sorte nas ruas, sem transporte para chegarem em casa e se esconder. Assim como em muitos outros casos, o povo dá provas, mais uma vez, que não sabe diferenciar as responsabilidades das esferas de poder.

Se recobrarmo-nos um pouco a memória, lembraremos que há nove anos, às vésperas do Dia das Mães, um outro toque de recolher provocou pânico em todo o Estado. Também ordenado pelo PCC, o "Salve Geral" de 2006 foi responsável por ataques de armas de fogo e coquetéis molotov a bases da polícia, delegacias e viaturas. Mas também a civis que, nas ruas, foram surpreendidos pelas rixas do crime organizado e a organização do Estado.

O mais atento lembrará que o governador à época, responsável pela Segurança Pública, atendia pelo nome de Geraldo Alckmin, também do PSDB. O mesmo senhor calvo, dono de um característico nariz avantajado, médico por formação, católico fervoroso, austero e pai de família exemplar que hoje diz que não há falta d'água, que não há greve dos professores e que o crime organizado não existe, assistiu situação semelhante ao fim da sua primeira passagem pelo Palácio dos Bandeirantes.

O governador que foi reeleito no primeiro turno em 2014 é o mesmo que há nove anos viu o PCC promover seus atos de terrorismo no Estado e que não foi capaz de desmantelar a maior facção de crime organizado de São Paulo. A população de Cotia, que hoje vocifera e escarneia contra o prefeito - de maneira efêmera, é verdade -, tem votado ano-a-ano de maneira maciça no partido do governador, tanto do âmbito estadual, quanto em âmbito municipal, que é dominado desde o ano 2000 pelos tucanos.

A verdade é que, assim como a frase "tu te tornas eternamente responsável por aquilo que cativas", escrita por Antoine de Saint-Exupéry em "O Pequeno Príncipe", as escolhas políticas que fazemos refletem na nossa vida em sociedade. A leniência para com o crime não é de responsabilidade exclusiva do governador (ou do prefeito, como alguns acreditam), mas também da sociedade em geral, que optou pela manutenção do programa.

quinta-feira, 9 de abril de 2015

O bizarro regulamento do Campeonato Paulista

Agora que a primeira fase da nossa jabuticaba futebolística, o Campeonato Paulista, terminou, podemos analisar o quão incoerente é essa fórmula bizarra deste torneio também bizarro.

O Corinthians classificou-se para o mata-mata como o time de melhor campanha, com 37 pontos conquistados. Obteve mais que o dobro de pontos do pior time classificado, o XV de Piracicaba, que acumulou 17 tentos durante as 15 rodadas.Vai enfrentar nas quartas de final, no entanto, o melhor segundo colocado, ou quinto no quadro geral, Ponte Preta, com 27 pontos em sua conta.

No mesmo grupo de Corinthians e Ponte Preta, dois times conseguiram acumular mais pontos que o próprio XV. Audax e São Bento somaram 22 e 21 pontos, respectivamente, em suas campanhas e não se classificaram. Ainda, Mogi Mirim, Ituano e São Bernardo com 20, 20 e 18 pontos, respectivamente, concluíram campanhas melhores que a do simpático 'Nho Quin' e, mesmo assim, ficaram de fora do mata-mata.

Por outro lado, na zona de rebaixamento, outra discrepância é encontrada. O Clube Atlético Penapolense, que inciou a rodada com chances de classificação, terminou sua partida com passagem definida para a série A-2 em 2016. Nesse caso, independente do grupo, as piores campanhas definem os clubes rebaixados.

Já está mais do que claro que existência de campeonatos estaduais em geral, com a participação dos grande clubes do país é um erro. Para piorar as federações estaduais criam fórmulas ainda mais incongruentes para executar esses torneios. O regulamento do Paulistinha 2015 é a maior aberração do futebol. Clubes como Corinthians, Palmeiras, Santos e São Paulo não podem continuar aceitando tais invenções absurdas como essa. Tudo caminha para outro cenário. A maior questão não é mais se, mas quando isso mudará.